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Influencers: inspiração ou ilusão?

  • 7 de mai.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 9 de jun.

Quando o que vemos não é em o que é, mas é o que queremos que seja


Vivemos num tempo em que os nossos ídolos não estão em palcos nem em ecrãs de cinema. Estão no TikTok, no Instagram, no YouTube. Estão no telemóvel que carregamos para todo o lado. São “pessoas como nós”, mas com milhares — às vezes milhões — de seguidores.


São os influencers.

Mas o que são, afinal?


Representam inspiração? Caminhos a seguir?

Ou criam uma ilusão sedutora que nos faz acreditar que a vida pode ser perfeita — se fizermos, parecermos, consumirmos como eles?


Este artigo não é uma crítica gratuita. É uma viagem de análise, feita com consciência. Porque a influência tem poder. E como qualquer poder, pode construir ou destruir.




O que é ser influencer em 2025?


Ser influencer já não é só postar fotos bonitas.

É vender um estilo de vida. Uma ideia de sucesso. Um sentimento de “quero ser como ela”.


Hoje, muitos influenciadores não precisam de talento artístico, nem de formação, nem sequer de um propósito claro. Precisam apenas de visibilidade e de saber alimentar o algoritmo.


Por isso, ser influencer passou a significar:


  • Saber ser desejado.

  • Vender a própria imagem como produto.

  • Estar constantemente disponível online.

  • Ser conteúdo.



Mas há um problema nisto tudo.

Quando alguém se torna “marca pessoal”, já não sabemos onde acaba a pessoa e começa a estratégia. E nós, do outro lado do ecrã, consumimos vidas que parecem reais… mas muitas vezes são ficção altamente filtrada.




A ilusão do “real”



Um dos maiores perigos é este: os influencers fazem parecer tudo natural.


Mostram um “get ready with me” e parece que acordaram lindas.

Mostram um dia no ginásio e parece que têm motivação constante.

Mostram uma manhã de trabalho e parece que ser freelancer é só liberdade.


Mas não mostram as 40 fotos tiradas para acertar na pose.

Não mostram as crises de autoestima.

Não mostram os contratos, as pressões, as comparações, a solidão de ser “uma marca”.


O problema não é serem felizes.

O problema é fazerem parecer que devemos ser como eles para também o sermos.


E esse é o início da ilusão. A ilusão de que se não estás sempre a render, a treinar, a arrasar, a viajar, então estás a falhar.




Como essa influência nos molda



Não é só sobre compras.

É sobre identidade. Autoimagem. Sonhos. Prioridades.


Os influencers moldam:


  • O que vestimos.

  • O que comemos.

  • Como falamos.

  • O que valorizamos.

  • Como olhamos para o nosso corpo.

  • O que consideramos “ter sucesso”.



E muitas vezes, sem querer, moldam também o que achamos que somos.


Começamos a medir o nosso valor em visualizações.

A autoestima em likes.

A autenticidade em relevância.


Vivemos comparações silenciosas, diárias.

E perguntamos a nós mesmos:


“Porque é que a minha vida não parece com a dela?”



Quando a inspiração é real



Mas nem tudo é negativo.

Existem influencers que inspiram de verdade. Que trazem temas importantes. Que mostram falhas. Que falam sobre saúde mental, autenticidade, questões sociais, crescimento pessoal.


Influencers que:


  • Educam.

  • Questionam.

  • Expõem verdades que muitos evitam.

  • Humanizam a experiência de viver online.



Esses são raros, mas existem.

E provam que sim, a influência pode ser ferramenta de transformação.


O problema é que, muitas vezes, os algoritmos não os premiam. Porque o superficial viraliza. E a verdade, muitas vezes, dói.




Como nos protegermos da ilusão?



Num mundo onde o conteúdo nunca acaba, proteger a nossa mente é essencial. Eis como:


  1. Lembra-te: ninguém mostra tudo. Aquilo que vês é uma parte, não o todo.

  2. Segue pessoas que te fazem crescer, não só desejar.

  3. Questiona o que sentes depois de consumir conteúdo. Inspiração ou comparação?

  4. Define limites. O ecrã não pode ser a tua única janela para o mundo.

  5. Desliga. Recomeça. Respira. A vida real precisa de ti presente.




Somos todos influenciáveis



A verdade que ninguém quer dizer é esta:

Todos somos influenciáveis. Mesmo os mais conscientes. Mesmo os que dizem que não ligam.


Porque somos humanos. Procuramos pertença.

E muitas vezes, confundimos espelhos com verdades.


Mas se há algo que o projeto Além do Óbvio quer deixar claro é:

Tu tens o direito de escolher o que consomes, quem segues, e o que permites que entre na tua cabeça.


Não te percas no brilho do ecrã.

Não te esqueças de ti enquanto admiras os outros.

E lembra-te sempre: a vida real não tem filtros. Mas tem valor. O teu valor.

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