FOMO - O medo de estar a perder tudo
- 28 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 9 de jun.
Estar em todo o lado e, ainda assim, sentir que não se está em lado nenhum.
Estás no sofá.
O telemóvel vibra.
Abres o Instagram. Stories novos.
Um jantar com amigos. Um concerto. Uma viagem.
E tu? Em casa.
De repente, aquilo que parecia descanso torna-se desconforto.
Sentes que estás a perder algo.
Sentes que devias estar lá.
Surge o FOMO — Fear Of Missing Out.
O medo silencioso de estar de fora. De não viver o suficiente.
De ficar para trás.
Mas o que é que estamos, afinal, a perder?
E por que razão esse medo nos consome tanto?
O que é o FOMO?
O FOMO é mais do que uma sigla moderna.
É uma ansiedade social crónica que nos faz acreditar que os outros estão a viver melhor do que nós.
É o receio constante de que há uma festa onde não estamos, um momento especial que não presenciámos, uma oportunidade que nos escapou.
Nas redes sociais, o FOMO torna-se diário.
Parece que todos estão felizes, ocupados, conectados.
E nós…? Deslocados.
Apáticos.
A viver menos.
O mundo sempre a acontecer… sem nós?
É impossível estar em todo o lado.
Mas é isso que o FOMO nos faz esquecer.
Faz-nos acreditar que devemos ser onipresentes, sempre ativos, sempre atualizados.
Antigamente, perder um evento era só isso: perder um evento.
Hoje, é um peso. Uma comparação. Uma ansiedade de ausência.
Vivemos uma realidade onde a presença física importa menos do que a prova digital de que estivemos lá.
Se não postaste, estiveste mesmo?
Se não reagiste, viste mesmo?
Se não participaste, vales o mesmo?
A ilusão das redes: o palco dos outros, o bastidor do nosso dia
Nas redes sociais, vemos os destaques — não a vida real.
Vemos o prato bonito, mas não a solidão do jantar.
Vemos os risos, mas não as crises antes de sair.
Vemos as viagens, mas não os vazios por dentro.
O FOMO cresce na comparação.
Comparar a tua segunda-feira cansativa com o pôr do sol em Bali de alguém que segues.
Comparar o teu silêncio com a gargalhada do grupo.
Mas o que esquecemos?
É que a comparação é uma armadilha.
E que, às vezes, as pessoas mais sorridentes nos stories… estão tão perdidas como tu.
As consequências invisíveis do FOMO
Viver com medo de estar a perder tudo tem um custo alto.
Desconexão consigo mesmo: estás tão focado no que os outros fazem que deixas de perceber o que TU precisas.
Ansiedade constante: sentes que tens de estar sempre em movimento, sempre presente, sempre produtivo.
Dificuldade em relaxar: o descanso parece preguiça, e o silêncio, solidão.
Falsas decisões: dizes “sim” a coisas que não queres só para não ficares de fora.
Identidade fragmentada: deixas de viver de acordo com o teu tempo e começas a viver no tempo dos outros.
JOMO: a alegria de estar fora
Existe um conceito oposto ao FOMO: o JOMO – Joy Of Missing Out.
A alegria de estar fora.
A liberdade de não ir.
De escolher o teu próprio ritmo.
De perceber que estar em casa, sozinho(a), pode ser mais nutritivo do que estar num sítio qualquer, por obrigação social.
Viver o JOMO é perceber que:
O que tu não vives, não invalida o que já viveste.
Não participar em tudo, não te torna menos interessante.
Escolher o teu bem-estar é mais importante do que a validação momentânea dos outros.
Como lidar com o FOMO?
Faz pausas das redes: desliga. O mundo continua — e tu também.
Valoriza a presença real: se estás com alguém, está. Se estás contigo, está por inteiro.
Escreve o que realmente queres: estás a ir a este evento por ti ou por medo de ficar de fora?
Aceita que vais perder coisas: e tudo bem. Isso faz parte da vida. Não é fracasso. É escolha.
Cria os teus momentos especiais: não esperes que as redes te digam o que é bonito. Vive à tua maneira.
Estar presente é melhor do que estar em todo o lado
O FOMO é o reflexo de uma geração que tem medo de não aproveitar tudo…
Mas que, por isso, acaba por não aproveitar nada plenamente.
A verdade?
Vamos sempre perder alguma coisa.
Mas perder algo fora não pode significar perder-nos por dentro.
No Além do Óbvio, queremos resgatar essa presença.
Queremos viver com intenção, e não por obrigação.
Queremos deixar de estar em todo o lado — para começar a estar aqui.



Comentários