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Alimentação e emoção: há relação?

  • 28 de mai.
  • 2 min de leitura

Atualizado: 9 de jun.

Não é só fome.

Não é só gula.

Não é só vontade.


Às vezes, o que comemos tem mais a ver com o que sentimos do que com o que precisamos. Há dias em que devoramos uma tablete de chocolate como quem tenta calar um silêncio. Noutras vezes, nem a comida preferida desce. O estômago está cheio de ansiedade, medo, tristeza. É nesse ponto que percebemos: a alimentação e as emoções caminham de mãos dadas — mesmo que ninguém nos tenha ensinado isso.


Quando somos bebés, a comida vem com afeto. O leite materno é mais do que nutrição — é colo, proteção, segurança. Ao longo da vida, essas associações emocionais permanecem. Há comidas que nos lembram casa, pessoas, momentos. Há sabores que confortam, que nos recompõem depois de um dia pesado. Mas há também aqueles momentos em que a comida se transforma em anestesia: quando mastigamos para não pensar, quando engolimos para não sentir.


É aí que entra o conceito de fome emocional — comer não porque o corpo pediu, mas porque algo dentro de nós implorou por consolo. E isso não é fraqueza. É humano. O problema não está em usarmos a comida para nos confortar de vez em quando. O problema começa quando ela se torna o único refúgio.


Pensa nisto: alguma vez comeste por ansiedade? Por tédio? Por tristeza? Alguma vez procuraste um snack só para sentir algo? A maioria das pessoas responde que sim. O mais curioso? Quase ninguém fala sobre isso.


Vivemos rodeados de mensagens sobre alimentação saudável, dietas, corpo ideal, contagem de calorias. Mas raramente falamos da parte emocional. E, muitas vezes, é exatamente essa parte que está desregulada. Comemos como estamos: apressados, confusos, sobrecarregados.


E não, isto não é só sobre chocolate ou batatas fritas. É sobre não sabermos ouvir o que o corpo realmente precisa, porque estamos constantemente a tentar silenciar o que a alma grita.


A boa notícia? Podemos reaprender a comer. Podemos criar consciência sobre os nossos padrões emocionais. Podemos distinguir a fome real da fome emocional. Podemos dar nome ao que sentimos em vez de apenas tapar com comida.


Mais importante: podemos deixar de ter culpa por isso.


Porque não somos máquinas. Somos pessoas. Sentimos, tropeçamos, comemos por impulso, choramos sobre gelados, celebramos com bolos. E está tudo bem. O que não está bem é vivermos em guerra com a comida — e connosco mesmos.


Alimentar-se bem também é isto: perceber que comer é mais do que nutrir o corpo. É cuidar da mente. É respeitar o que sentimos. É encontrar equilíbrio, sem culpa, sem pressa e com muita escuta.


No fundo, talvez o que nos falte não seja força de vontade.

Talvez o que nos falte seja compaixão.

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